6 de dezembro de 2013

Bling Ring - A Gangue de Hollywood [Nancy Jo Sales]



    Pois então, mais uma resenha para todos vocês e, dessa vez, vamos conversar sobre um livro que nos traz diversos temas interessantes para uma boa discussão filosófica interna (ou somente temas bem polêmicos para ficarmos de bocas abertas, encarando as páginas do livro e pensando em como toda a situação descrita é bizarramente bizarra).


    O livro ficou conhecido por conta do filme - assim como As Vantagens de Ser Invisível, que acabei de resenhar aqui, e muitos dos livros hoje em dia, na realidade - e por conta (talvez principalmente por conta disso) da atuação de Emma Watson (nossa queridinha Hermione que, coincidentemente, também esteve no elenco de 'Vantagens' interpretando Sam), interpretando uma das ladras: Alexis Neiers. Na realidade, acredito que o que tenha "proporcionado" o grande sucesso do filme realmente foi a Emma, já que ela é superfamosa e todos a amam e querem ver qualquer filme que a tenha no elenco. Mas uma coisa realmente interessante é que - não sei se a maioria sabe - houve um outro filme sobre esse mesmo livro, lançado um tempo antes.

    Na realidade, o livro que trago hoje para vocês é um dos melhores que já li no quesito 'crítica à sociedade americana', ultrapassando inclusive 'Precisamos Falar Sobre o Kevin'. Se bem que cada um meio que criticava a sociedade americana em um sentido (celebridades nojentas/sociedade viciada em fama X psicopatas adolescentes). Infelizmente não posso fazer muita surpresa sobre o título do exemplar - Bling Ring; A Gangue de Hollywood - já que o título dessa postagem já anuncia o nome do livro, então, bem, vamos à resenha.

"Entre 2008 e 2009, as residências de Lindsay Lohan, Orlando Bloom, Paris Hilton e diversas outras celebridades foram invadidas e saqueadas. Os ladrões, um grupo de jovens criados em um endinheirado subúrbio de Los Angeles, levaram o equivalente a 3 milhões de dólares em joias, dinheiro e artigos de grife, como relógios Rolex, bolsas Louis Vuitton, perfumes Chanel e jaquetas Diane von Furstenberg. As notícias surpreendentes sobre o caso chocaram Hollywood e intrigaram o mundo. Por que esses garotos, que em nada correspondiam à tradicional imagem dos bandidos, realizaram crimes tão ousados?

A jornalista Nancy Jo Sales entrevistou todos os envolvidos, incluindo os pais e os advogados dos jovens, e até mesmo as celebridades que sofreram os assaltos. Em Bling Ring: a gangue de Hollywood, ela apresenta todos os detalhes de uma das quadrilhas mais audaciosas de nossos tempos. A história real também inspirou o filme de Sofia Coppola, estrelado por Emma Watson."


Editora: Intrínseca
Ano: 2013

    Muito bem. Acho que todo mundo já sabe sobre o que esse bendito livro fala - sobre o Bando de Ladrões (como ficaram conhecidos pelos programas sensacionalistas americanos, como o TMZ), os adolescentes da Bling Ring que resolveram que poderiam, de uma hora para outra, entrar nas casas de celebridades americanas e levar o que bem entendessem - e não penso que seria necessário uma mera apresentação dos ""personagens"". De qualquer forma, eu farei isso (hue).

    O Bando de Ladrões era formado por Nick Prugo, Rachel Lee, Alexis Neiers (no filme conhecida como 'Nicki'), Diana Tamayo, Courtney Ames, Tess (não lembro o sobrenome dela) e dois outros sujeitos que não ficaram tão famosos assim (Roy Lopez e Jonathan Ajar, mais conhecido como Johnny Dangerous). Eu não faço ideia de quem é quem no filme, já que nunca o assisti, e só sei que a Emma era a Alexis/Nicki porque a autora do livro fala sobre as filmagens no final das contas.


    O livro tem uma linguagem de investigação jornalística, com o 'quê' histórico - já que Nancy nos guia por fatos, músicas, filmes e livros antigos que retratam a sociedade, (o que eu adorei - diferentemente da maioria que conheço. Como sempre) e é dividido em três grandes partes: "O Monstro da Fama", "A Dança dos Famosos" e "Quase Famosos" e em cada uma dessas partes é sobre uma das 'fases' da Bling Ring, desde quando eles começaram com os roubos até quando são 'pegos' e indiciados e tudo mais.

    Acho que o grande objetivo da Nancy, além de fazer uma bela reportagem sobre a Bling Ring, foi tentar entender porque tudo isso aconteceu. Porque aquele bando de adolescentes se sentiu no direito de entrar na casa de artistas como Paris Hilton e Lindsay Lohan e levar pertences pessoais e coisas sentimentais. Ela passa toda a narrativa se baseando na confissão de Nick Prugo - o único rapaz da Bling Ring que, de fato, participou dos roubos e teve uma coisa toda a ver com isso.

    Na primeira parte do livro - "O Monstro da Fama" (aliás, achei o título divino e me lembrou absurdamente do álbum da Lady Gaga, 'The Fame Monster', ou algo assim, que nos traz músicas como Paparazzi e The Fame) - lemos com bastante atenção e cuidado sobre as quatro amigas que foram alvos da Bling Ring: Paris Hilton, Lindsay Lohan, Nicole Richie (que, aliás, até agora não faço ideia de quem seja. Me julguem) e Britney Spears (um belo grupo para crítica, não?) e a autora deita e rola sobre as críticas, os fatos ruins anunciados em cada maldita entrevista com as celebridades e sobre como todas elas eram influenciáveis e mesquinhas, fúteis e burras (sinceramente, não me digam que Paris ou Britney são inteligentes. Por favor).

    Parecia que a Bling Ring focava, nessa parte, em celebridades aparentemente burras e que não se ligariam em deixar o alarme da casa ligado e nem mesmo a porta trancada (que foi exatamente o que aconteceu haha. Mas isso foi com todas as celebridades. O que eu, particularmente, achei uma burrice tremenda. Quem, diabos, sai de casa e deixa a droga da porta destrancada?) e Nancy abordou temas realmente interessantíssimos, como o fato de que a sociedade americana é absurdamente obcecada pelas celebridades (que não são nada além de pessoas com muita grana e, algumas, com uma enorme vontade de esbanjar e esfregar a riqueza nas faces alheias).

    Aliás, essa é uma coisa que nunca vou conseguir entender: porque todo esse fascínio por celebridades? Sinceramente, será que aquela gente realmente acredita em reality show? (será que eles pensam mesmo que aquilo é de verdade?) Já que, depois do que Nancy escreveu e provou no livro - algo que eu já sabia há certo tempo - esses programas todos têm falas montadas pelos produtores e contam com roteiros e histórias já prontas (exatamente como acontece em Pretty Wild, o reality de Alexis. Sim, ela fez um reality. E sim, foi sobre a situação dela na Bling Ring. Mais absurdo e repulsivo é impossível).


    Eu não faço ideia se você, leitor, está a fim de ter um debate comigo sobre essa questão do monstro da fama ou, enfim, sobre o fato de americanos serem viciados em celebridades e como eles deixam suas mentes serem manipuladas pela mídia, mas eu acho que seria de fato um tema muito interessante para se discutir.

    Naquela primeira parte contamos somente com o roubo à casa de Paris Hilton - onde eles encontraram papelotes de cocaína (oh, que novidade. Eu não esperava por isso ¬¬) e muitas outras coisas caras e avulsas (como fotos da Paris nua e com óleo sobre o seu corpo, escondidas num cofre meio aberto). Acredito que ela tenha escolhido fazer isso justamente por que a Paris é um prato cheio para temas polêmicos para se discutir. Um deles, aliás, é a facilidade com a qual as pessoas ficam famosas hoje em dia. Basta você postar um maldito vídeo no youtube.com e se for 'polêmico' o suficiente (como aconteceu com Paris, que postou um vídeo dela fazendo sexo e, BANG, estava famosa! - além da herança, não vamos esquecer), viva!, você é famoso - o que aconteceu com diversas celebridades hoje em dia (não só americanas! Acho que o Luan Santana passou pelo mesmo processo, não foi?).

    Outro tema interessante foi sobre as pesquisas que eram feitas com adolescentes e estudantes de universidades. Nancy fala sobre o desinteresse dos jovens modernos de serem 'felizes'. O que importa para eles, na verdade, é somente o dinheiro e a fama que eles terão (o que nos conta Nick Prugo em uma de suas confissões! Ele diz que gostaria de ser estilista, mas somente pela fama que isso poderia trazer. Acaba confessando, no final, que gostaria de fazer turismo para, talvez, abrir um restaurante ou um hotel) e não pela felicidade - como sabemos, e cansamos de ver, esse mundo artístico nem sempre é tão glamouroso quanto parece (quantas celebridades não foram pegas fumando, se drogando e bebendo feitos umas loucas, somente para sair daquela realidade opressora da fama? Não é um mundo fácil, pelo que parece. Imagine ter uma legião de pessoas te enchendo a droga da paciência a cada vez que você sai de casa? Argh, totalmente desagradável).

    Aliás, esse livro é ótimo para te deixar boquiaberto. É cada situação absurda (e verdadeira) que lemos que... Não há reação. Simplesmente você não sabe como reagir e só fica encarando as páginas - como eu fiz - quando ler, por exemplo, que a tal garotinha Honey Boo-boo (é assim que se escreve?) daquele programa ridículo do canal pago (blábláblá Honey Boo-boo) toma um coquetel de Red Bull com sei lá o quê só para conseguir aguentar a turnê e que, quando falam sobre isso, a mãe dela ri e diz: "poderia ser pior. Poderia estar dando álcool pra ela". É HORRÍVEL!

    É repugnante.


    Eu não sei dizer o que mais me assustou durante a leitura. Realmente não sei dizer. São tantas coisas absurdas, tantos fatos fúteis e absurdos que eu nem sei por onde começar.

    Acho que sempre senti um ódio terrível de toda essa massa de programas televisivos (da mídia, principalmente) e, ainda mais, de reality show. ODEIO reality show porque, cara, isso tudo é montado, não é óbvio? (acredito que meu ódio fica mais evidente quando começa, por exemplo, Big Brother Brasil. Será que alguém realmente acredita que as votações não são manipuladas? Que aquilo tudo não é uma história montada? Que desde o princípio o programa não sabe quem vai ganhar aquela joça? Ah, por favor, sociedade). Mas, desde que terminei a leitura de Bling Ring, tudo isso ficou ainda mais... Escancarado. E meu ódio ficou ainda mais evidente quando eu leio que Alexis, Gabby (irmã mais nova de Alexis) e Tess fizeram um reality show, um reality show!, sobre o processo judicial delas!!!!

    AHHHH, COMO ASSIM?!

    (e caso queiram saber, o nome da série é Pretty Wild. Sim, eu pesquisei na internet. Sim, eu vi um episódio. Acredito que se tivesse visto o resto teria vomitado meu ódio na tela do computador).

    Que tipo de pessoa faz uma droga de uma série de televisão, usando sua irmã mais nova, sua mãe (que, aliás, é uma demente) e sua amiga (que disse que era sua irmã!) ladra e filma toda a sua situação judicial? Sério, vida, qual a necessidade disso? Aliás, acredito que a Alexis seja a personagem mais ABSURDA de todo esse negócio, a mais amalucada e a mais 'sem noção' de todas. As mentiras que a garota inventava para "o porque de ter participado de tudo aquilo e de estar passando por essa 'fase' judicial" eram inacreditáveis e absurdas. Até agora eu duvido que ela acredite em carma e acho que ela não deve nem conhecer os principais princípios budistas.

    Voltando a falar sobre a reflexão e tudo mais, acho que o outro objetivo da Nancy Jo Sales era nos fazer refletir sobre quem são os verdadeiros mocinhos e vilões. Eu confesso que o tempo todo fiquei pensando que talvez a Bling Ring não tivesse toda a culpa, na realidade, acredito que eles são as maiores vítimas de toda essa história (deixando de lado, é claro, o fato de terem roubado, pelo menos, 3 milhões de dólares em itens e jóias e blábláblá e terem invadido casas de pessoas e carros). Se a sociedade deles não fosse assim, obcecada pela ideia de ser famoso, talvez eles fossem diferentes. Eu não sou a favor de Robs ("o homem nasce bom, a sociedade o corrompe"), mas também não acredito que eles tenham culpa total sobre os pensamentos mimados. A sociedade obcecada pela fama fez todos os adolescentes serem assim, fez todos eles amarem mais aos outros do que a si próprios e fez todos eles quererem ser outras pessoas! A culpa é dessa sociedade. Por outro lado, eles fizeram errado em entrar na casa de outras pessoas (por mais que essas pessoas tenham deixado a porta aberta ¬¬) e roubarem várias coisas.

    Houve uma entrevista de Alexis ao TMZ sobre os roubos e tudo mais. O interessante não é a entrevista (só para constar: eu vi todas as entrevistas que eles fizeram, e ainda é assustador constatar que tudo isso realmente aconteceu), mas sim um comentário que estava no vídeo (havia outro, mas era algo normal, tipo: "ah, prende todo mundo, blábláblá"). Vou copiar do livro porque eu achei genial:

    "Toma essa, Hollywood! Espero que vocês tenham aproveitado bem seus dias ao sol... Esses Robin Hoods modernos serão todos considerados inocentes e liberados para chicotear aqueles que pisaram nos camponeses como nós. São todos heróis".

    Eu ainda não sei o que pensar sobre esse comentário. É bem radical, de fato, mas... Vamos combinar que muitas celebridades ganham coisas que nunca mereceram, não é? A maioria, aliás, não está ali por esforço próprio (como a própria Paris - ela é um ótimo exemplo para todas as coisas 'não-merecidas' entre as celebridades hollywoodianas ¬¬) e acumula coisas que, poxa, poderiam ser revertidas, não é? Todos aqueles diamantes inúteis da Paris poderiam ser vendidos e, sei lá, o dinheiro doado para pessoas pobres ou algo assim. E muitas celebridades não são nem um pouco humildes ou agradáveis - gostam de pisar mesmo na cara dos outros 'mortais'.

    Então, quem está errado? Eu até agora não sei. Eu realmente não sei. Fico dividida, assim como fiquei com Lolita. É tudo uma questão muito delicada... Muito delicada.

    Espero que vocês leiam o livro e curtam. Eu verei o filme, mais tarde, e estou pensando em fazer uma "sessão" sobre resenhas de filmes (o que acham, jovens?). Acredito que o primeiro filme seria Bling Ring (pretendo tentar ver o outro: The Bling Ring, que lançou algum tempo antes desse principal, com a Emma Watson. Eu acho).

    Tomara que tenham gostado da resenha, desculpem meu ódio à sociedade americana - eu me empolgo com livros que criticam americanos >< - (caso queiram ver as entrevistas também, procurem em sites americanos, tipo o próprio TMZ) e até a próxima resenha que será de A Culpa é das Estrelas.

Ana :)

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